quinta-feira, 17 de maio de 2007

resumo parte 2 do livro do profesor

RIO CRICARÉ: AS ÁGUAS DE UMA HISTÓRIA - PARTE 2
Guerra e garra:
O desenvolvimento de São Mateus.
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2.1 - Entendendo a colonização...
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O Sul da Bahia e o Norte do Espírito Santo sempre foram habitadas por várias tribos de índios. Em 1500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, ele deu de cara com muitos índios que receberam Cabral e seus homens muito bem. Os portugueses se abasteceram com água e comida, rezaram uma missa e partiram para a Índia. Mas essa relação amistosa não demoraria muito. Logo os índios perceberam que os portugueses vieram para ficar. Isso causou um problema novo para os índios, pois, se antes eles faziam guerra pela posse das terras, com a chegada dos portugueses eles teriam que lutar pela vida.
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Em 1500 por causa do comércio de especiarias na Índia e na China, não deram muita bola para o Brasil, mas logo começaram a colonizar este grande território, pois franceses, ingleses e holandeses queriam invadir o Brasil de qualquer jeito. Foi esse o jeito que Portugal encontrou para proteger e lucrar com a nova terra. Como não achou metais preciosos no começo, foi obrigado a produzir cana-de-açúcar e vender na Europa, que não foi uma tarefa fácil.
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2.2 - A Batalha do Cricaré
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Essa histórica e importantíssima batalha parece estar esquecida por todos nós. Porém, embora um grande sociólogo do Brasil tenha dito que ela é a prova da incompetência portuguesa na colonização do Brasil, todos parecem não reconhecer o grande feito dos índios, que foram mais do que guerreiros, foram heróis. Então, o que foi a Batalha do Cricaré? E por que ela aconteceu?
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Bom, meses antes da famosa batalha, Vasco Fernandes Coutinho, donatário da Capitania do Espírito Santo, escreveu uma carta desesperada ao Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, pedindo que este lhe enviasse navios e homens para enfrentar os índios, que já haviam destruído, novamente, quase toda a Vila Velha e a Vila de Vitória. Em 1558, Mem de Sá, então, enviou seis navios e mais de duzentos homens armados com arcabuzes (espingarda antiga), sob o comando de seu filho, Fernão de Sá partiram de Salvador, em direção à Vitória.
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Antes, porém, pararam na Vila de Porto Seguro, lá receberam a informação de que os índios estavam em grande número às margens do Rio Cricaré. Sabendo dessa informação valiosa, Fernão de Sá partiu imediatamente com seus homens. Chegando à foz do Cricaré, passou por Conceição da Barra, e entrou, com uma caravela, pelo rio, até onde o Rio Mariricu encontra-se com o Cricaré. Nesse local, pelo Rio Cricaré, Fernão de Sá e seus homens puderam ver as fortificações dos índios. Eram três grandes fortes interligados por grandes corredores protegidos. Cada forte era formado por seis enormes muralhas circulares de toras, uma dentro da outra. Em grande número, os portugueses conseguiram destruir o primeiro forte dos índios, que se reorganizaram nos outros dois que ainda restavam.
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Os índios atacavam com flechas, e os portugueses atacavam com armas de fogo. Usando machados, os portugueses conseguiram destruir o segundo forte dos índios, fazendo com que estes lutassem mais bravamente pelo último forte. A desvantagem tecnológica das armas dos índios era evidente. Mas a vantagem numérica deles era bem maior, e mais guerreiros indígenas chegavam a cada minuto para a grande batalha.
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Quando Fernão de Sá viu que a munição estava acabando ordenou que soldados fossem, nos pequenos barcos, ao navio, que esperava no meio do rio, para trazer mais munição. Assim, os índios, que estavam no único forte restante, passaram a ficar em grande vantagem contra os portugueses, já que a pólvora não chegava e os portugueses não eram tão numerosos como os índios.
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Com bravura, os índios iniciaram um grande ataque com suas flechas. Nos últimos instantes da batalha, Fernão de Sá tinha somente dez homens com ele para lutar. Percebendo a situação gravíssima, Fernão ordena que seus homens recuem, a nado, para o navio, que estava esperando no leito do Rio Cricaré.
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Com centenas de flechas sobre suas cabeças, Fernão de Sá foi atingido por várias flechas, e morreu. Somente três dos seus homens conseguiram escapar ao ataque final indígena. Após os sobreviventes chegarem ao navio, a nado, os portugueses partiram, rapidamente, em busca da proteção do oceano, pois, assim, os índios não podiam alcançá-los. Passando pela foz do rio Cricaré, juntaram-se aos outros navios da frota e partiram, com extrema tristeza e ódio, rumo a Vitória, por terem perdido a batalha e o seu comandante (Fernão de Sá).
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Foi um marco na História da colonização portuguesa no Brasil e uma prova, para os portugueses daquela época, de que os nativos não eram tão inocentes e ignorantes como eles pensavam.
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2.3 - Entendendo os brasileiros...
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Em 313, o imperador romano Constantino proibiu que os cristãos fossem perseguidos e mortos. Assim, os cristãos puderam se estruturar e organizar a Igreja Católica. Os católicos tiveram grande responsabilidade na conversão dos bárbaros europeus ao Cristianismo.
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Séculos mais tarde, toda a Europa era católica. A Igreja Católica, então, tornou-se muito poderosa, e a única religião da Europa, até 1517, quando um monge católico, chamado Martinho Lutero, acabou fundando uma outra religião cristã: o Luteranismo.
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O papa Católico não aceitou perder fiéis, e perseguiu os protestantes. Em meio a essa guerra religiosa entre católicos e protestantes, na Europa, o Brasil foi colonizado. Os jesuítas tinham uma missão: assegurar que a América fosse católica. Para isso, eles educavam os filhos de portugueses e catequizavam os índios.
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Por isso as religiões dos índios e dos africanos foram ridicularizadas e perseguidas por cristãos preconceituosos. Uma união entre o rei e o papa garantiu que a única religião do Brasil fosse a católica, por isso hoje, nós, brasileiros, possuímos o mesmo território, língua e a mesma cultura de um modo geral, com algumas diferenças regionais. O mais importante, porém, é que, cada vez mais, entendemos que devemos conviver com as diferenças e com a liberdade.
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2.4 - No Tempo da Mandioca
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Os jesuítas acreditavam que os índios precisavam mesmo dos ensinamentos cristãos. Na prática, a conversão dos índios ao catolicismo foi tarefa difícil. Muitos índios adotavam a doutrina cristã, mas, na maioria das vezes, só procuravam as aldeias jesuítas quando estavam em perigo. Percebendo o fracasso com os adultos, as crianças indígenas passaram a receber toda a atenção dos padres jesuítas. Elas eram educadas sob as regras e condutas da vida européia e, claro, da religião católica.
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Os jesuítas foram os maiores defensores dos índios durante a colonização do Brasil, não aceitavam a brutalidade com que os portugueses costumavam tratar os índios. Nas aldeias jesuítas existiam plantações e criações de animais para a alimentação de todos. A construção de igrejas e casas era uma forma de urbanizar a antiga floresta. Por isso, muitas cidades brasileiras de hoje, no início, eram aldeias jesuítas.
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Para dar nomes portugueses aos locais no Brasil que tinham nomes indígenas, era comum batizar rios e vilas com nomes de santos católicos. Por exemplo mudaram o nome do rio Cricaré para rio São Mateus, e da região ali de São Mateus.
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Além de ensinar as doutrinas católicas, os jesuítas também educavam os filhos dos portugueses. Com o passar do tempo, os jesuítas tinham em seu controle muitas terras aonde os colonos não podiam entrar, e muitos índios que os portugueses não podiam escravizar. Temendo esse grande poder dos jesuítas, o ministro do rei de Portugal, chamado Marquês de Pombal, expulsou, em 1759, todos os jesuítas do Brasil.
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Foi por isso que a Igreja Velha de São Mateus não foi concluída. Muitas outras construções ficaram inacabadas pelo Brasil, outras foram até destruídas. Foi um tempo muito difícil também para o ensino no Brasil. É claro que, nessa época, a esmagadora maioria das crianças e dos adultos era totalmente analfabeta. Poucos nem sequer pensavam em estudos ou escolas, fato que se reflete até hoje visto que o Brasil possui um bom número de pessoas analfabetas.
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Poucas décadas antes da expulsão dos jesuítas, porém, se espalhou a notícia que alguns aventureiros, navegando por rios descobriram algumas pedras preciosas no interior da Capitania do Espírito Santo. Rapidamente, muitas expedições partiram desses rios, em busca de tesouros. Muitos aventureiros enfrentavam muitas dificuldades atrás de ouro e diamantes.
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A notícia se espalhou até pela Europa, logo muitos vieram para cá em busca de ouro. Percebendo a importância da descoberta, o rei de Portugal ordenou que fosse feito um relatório completo sobre todas as características do Rio Cricaré. Dessa forma, a pequena Vila de São Mateus passou a ser conhecida e vigiada sob as ordens do rei de Portugal.
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Começaram avigorar então leis com por exemplo a proibição de que pessoas do litoral navegassem em direção às Minas pelo Rio Cricaré e pelo Rio Doce, para evitar o contrabando de ouro e o ataque de piratas. Outra medida importante foi a divisão do Espírito Santo em dois: uma faixa de terra no litoral continuou sendo o Espírito Santo e o Interior passou a ser Minas Gerais.
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O Espírito Santo foi usado como barreira para defender as minas dos piratas estrangeiros e contrabandistas brasileiros e portugueses. Por isso, os governantes apoiaram a ida de pessoas para São Mateus e o desenvolvimento da agricultura na pequena vila. Assim, ao redor de São Mateus, a mandioca começou a ser produzida em grande quantidade. A produção da farinha de mandioca deu tão certo que ela se tornou famosa em todo o Brasil. A farinha de São Mateus foi muito usada na região de Minas Gerais, no Rio de Janeiro, Salvador e até exportada para outros países do mundo.
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Por isso a pequena vila do rio Cricaré (ou São Mateus) começou a crescer e a prosperar. Com o passar do tempo, mais moradores chegavam, incentivados pelos governantes do Espírito Santo, do Brasil e de Portugal a aumentarem a população e a riqueza que surgia pela venda da farinha de mandioca. Como a mandioca era o alimento principal dos escravos, milhares de donos de escravos do Brasil eram obrigados a comprar grandes quantidades desse produto para alimentar seus trabalhadores.
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O lucro com a venda da mandioca foi tão grande, que vários agricultores começaram a construir casarões de verão ao lado do porto. Era um local onde eles poderiam passar temporadas longe da fazenda e, ao mesmo tempo, ficar perto dos negócios que aconteciam com a chegada dos navios.
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Assim, São Mateus era a cidade mais rica de todo o Estado, e os lucros de seu comércio foi um alívio para todo o Espírito Santo!

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